04 outubro 2002

Bravo Inagaki!

Compartilho em gênero, número e grau com sua opinião, a despeito de toda patrulha ideológica que rola, bravamente expressa no post..
Nosso candidato, sem dúvida, é o Cigano Igor da campanha, carismático como um poste e tão bem assessorado quanto piloto de Foker (ou deveria ser Fucker) 100.
O PT, do qual já fui militante ativo nos idos dos anos 80, após seu início, era à época um viveiro da fauna esquerdista em toda sua exuberância contraditória, o que não permitia que - enquanto partido legítimo de oposição - tivesse uma opinião única e definitiva. Se perdia em disputas internas, as quais só vieram a tona quando de fato se tornou ameaça aos políticos da situação.
Isso tornou insuportável a convivência interna com correntes efetivamente progressistas (e por favor não simplifiquem, tornando progressista sinônimo de esquerda - raramente estas palavras e seus significados tem algo em comum).
Do outro lado, a direita brasileira, tão organizada quanto o crime carioca da atualidade (aliás, acho que os modelos são idênticos - deve haver alguma conexão por aí...) continuava vencendo eleições, desfigurando as esperanças do país através do clientelimo populista - do qual, hoje, Gayrotinho é o maior expoente, usando e abusando da máquina pública para se perpetrar.
Nesse meio tempo surgem os sociais-democratas, neo-liberais por excelência e formação, denominados na ocasião como centro-esquerda.
Eram eles Franco Montoro, Covas, Fernando Henrique, Serra, apenas para ficar nos nomes mais conhecidos e recentemente - à exceção de Montoro, já falecido - mencionados, fundadores do PSDB.
Com um discurso mais flexível e elaborado, bandeiras sócio-econômicas recicladas e revitalizadas, ganharam parcela importante do eleitorado, mas efetivamente só conseguiram se eleger as custas de uma aliança dificilmente explicável, com o PFL.
A despeito dessa aliança - que eventualmente, na insistência das práticas daninhas do PFL , provocava graves efeitos colaterais - o governo do Fernando Henrique conquistou muito, deixando outro tanto para trás.
Não foi o melhor dos governos, mas tirou esqueletos econômicos, criados ao longo da ditadura militar e convenientemente esquecidos durante os anos Sarney-Collor, limpou o terreno, debelou a inflação, nos deu uma moeda forte - inclusive resistindo a crises da Rússia, México, Sudeste Asiático, Argentina...
Enfim, não conseguiu e não faria mais, como aliás, nenhum outro eleito para seu lugar também conseguiria, afinal, como bem destacou o Inagaki, nosso congresso trabalha no compasso "é dando que se recebe".
Agora era a vez do Covas.
Infelizmente não tivemos essa oportunidade.
O resultado? Lula e um PT coligado com o que há de mais retrogrado na política brasileira (nas palavras dele, Lula: apoio, aceito de todo mundo, menos do Collor...) e que de estilingue, passa a ser vidraça muito provavelmente.
Quem tem Bené e Marta, sabe qual a real diferença entre o discurso e praxis petista, infelizmente...
Bené ajudou a eleger quem hoje renega e se diz vítima. Desculpa Bené, mas você quis e brigou pela aliança que ajudou a eleger um exemplar quase extinto na fauna brasileira: o político paterno-populista, rei da arte de dar peixes, incapaz de ensinar alguém a pescar.
Bom, mais isso são outros 500...

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