28 outubro 2004

Pequeno tratado do sobre a mortalidade do amor (Inagaki): exemplo prático

Quando o Inagaki escreveu esse pequeno tratado, eu não tinha idéia do que ia acontecer, comigo mesmo, alguns dias depois (7 dias, precisamente uma semana).

Embora alguns sintomas estivessem presentes, quando eu os cobrava, a resposta era invariavelmente a mesma: "Está tudo bem. Não fique pensando besteira...”.

Não ficava. Eu as vivia como fantasmas agitados em sonhos descontinuados e desconexos. Acordava assustado, com o coração cada vez menor, na angústia de ser este o final da história, se apresentando de maneira singularmente mística, como quando do reencontro, quatro anos atrás, depois de 15 de afastamento (e desejo).

Pois foi. Aconteceu. O amor morreu, como no texto, metralhado pela traição.

Não foi traição carnal, física (daquelas corriqueiras em todo relacionamento que termina por esse motivo), mas, pior ainda, a da mentira atirada da boca que diz "eu te amo", buscando no outro o compromisso, enquanto secretamente espreita a oportunidade de saltar da direção do carro em movimento, deixando seu carona afivelado no cinto. Pois é, a mentira embalada pela conveniência da anestesia provocada pelo coração cúmplice nas dores de viver.

E assim, descoberta a traição e rasgado pelo silêncio da confrontação, que minha história com ela se encerra.

Um tremendo coquetel de dor e vergonha pela entrega incondicional.

Acho que a vergonha é momentânea e vai se transformar - pelo menos para plena satisfação do meu ego - no “descortino de quem quis viver um grande amor”.

Já a dor, essa não passa, fica sendo a ressaca eternizada desse tal coquetel.

Hoje, ou pelo menos por hora, não durmo para não sonhar. Não sonho para não desejar. Não desejo para não me frustrar. Não me frustro... Bom, já estou suficientemente frustrado para uma vida.

Diacho...

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