11 dezembro 2002

Absolvição

Foram absolvidos os políciais acusados da morte do assaltante Sandro Nascimento, personagem principal do seqüestro (que desembocou na morte da recreadora Geisa Firmo) do ônibus 174, transmitido em cadeia nacional pela TV em Junho de 2000.
Não que eu queira aqui fazer um líbelo (embora coubesse) em favor dos direitos humanos, mas quero só lembrar de uma coisa mais básica e portanto perversa.
Não punir policiais despreparados - responsáveis pelas mortes de Sandro e Geisas, únicas vítimas fatais do seqüestro - é, passivamente, concordar que o nível de preparo dos policiais que zanzam nessa cidade é aceitável.
O curioso é que a culpa pela morte fica explícita quando os acusados se defendem, alegando que não tinham intenção de mata-lo.
Fica patente que - se não tinham essa intenção - não sabiam como executa-la, imobilizando-o, algemando-o ou seja lá o que fosse. Opataram, como estratégia de imobilização, o sufocamento.
Incompetência.
Essa incompetência vitimou um bandido o que, pela natureza da guerra civil que nos é imposta pela criminalidade, pode ser considerada uma perda menor (os fatos que conduzem Sandro até o ato do seqüestro, revelando mais e mais incompetência dads autoridades em lidar com a questão da segurança, são uma tragédia muito maior), mas vitimou também Geísa Firmo.
Ela também pode vitimar você, através de uma bala perdida, de uma blitz mal planejada e executada sob caracterizações preconceituosas ("sé negro em carro caro, pára o malandro!"), no resvalar para a corrupção patrocinada pelo tráfico, enfim, de várias maneiras.
O importante é não esquecer, como Geísa, que você pode ser o próximo.

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