05 novembro 2004

O Velho Graça

Quem se lembra da primeira fase do Pé Sujo, lembra que sou um fã (incondicional) de Graciliano Ramos. Hoje, lendo esta reportagem sobre Joel Silveira, um dos expoentes do New Journalism tupiniquim, pesquei a historinha abaixo, que ilustra o qüão econômico , direto e elegante podia ser o velho Graça. Exemplar:

Há sessenta anos, no vigor de sua juventude, Joel Silveira passou por um teste literário que considera decisivo. Certo dia, na livraria José Olympio, encontrou-se com Graciliano Ramos. Hesitante a respeito de sua vocação literária, aproveitou para entregar ao romancista um pequeno conto que acabara de escrever. “Ele passava as páginas, o cigarro de palha na boca, lia, lia, e não dizia nada”, recorda. “Depois, sem dizer uma só palavra, dobrou o conto e o rasgou, como confete”. Nenhum dos dois perdeu a elegância. Depois de espanar os restos de papel, o velho Graça o convidou para uma cachaça. Ciente da preciosa lição que acabara de receber, e muito grato, Joel imediatamente aceitou.
Mas leiam a reportagem toda. Joel é uma referência obrigatória para gosta da capacidade de noticiar com personalidade e jornalismo elegante, sem perder a de vista a necessidade de ser incisivo.

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